O buraco negro que tá engolindo nossa autenticidade

Julia S.
2 min readAug 11, 2021

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Você tá caindo nele?

Referências, referências, referências. Tão importantes para o nosso repertório, disso eu sei. Não vamos para lugar nenhum sem um ponto de partida que já está concreto. Devemos subir “sob os ombros de gigantes”.

Mas é confuso o que acontece quando a gente se lota de referências.

Na teoria, ter um arsenal de referências é incrível, necessário, nosso combustível criativo.

Mas o que acontece é que ter referências não é a mesma coisa que ter preparo. Assim surgem milhares de pessoas produzindo conteúdo no Instagram como se estivessem em uma competição de arco e flecha:

Se escolhe um tipo preferido de influencer, blogueira, empreendora (ou tudo isso junto) para ser o alvo. “Quero ser assim” “Quero ter essa vida”, “Que mal tem? É apenas minha referência”. E gastam todas as flechas para acertar esse alvo. Pra mirar, tem que fechar um dos olhos. Não se vê o resto dos alvos, ou melhor, não é necessário acertar em um.

Nada contra quem começa a produzir conteúdo no Instagram (ou onde quer que seja). Acho válido e incrível essa acessibilidade e espaço de expressão.

O problema é que a autenticidade é engolida nessa competição pra ver quem acerta mais alvos.

Se dá o todos os checks na lista de influencer de sucesso (cabelo assim, celular novo, roupa x, sapato y, ir em tal festa, saber dançar tik tok), pronto você já pode ser considerado um influencer.

O buraco negro da autenticidade é pegar listas prontas do que tá dando certo pra alguém e querer fazer o check em tudo.

É fazer do outro um alvo e se sentir um perdedor quando não acerta.

Um insight bom pra terminar esse texto é uma cena do desenho Valente.

Os príncipes competem pela mão da princesa Merida. Quem acertar o alvo, casa com ela.

O plot twist que ninguém esperava é que Merida entra no campo e fala pra todo mundo ouvir que está competindo pela própria mão.

Se liberta dos alvos a serem alcançados. Se for pra ter um alvo, que seja o de se tornar aquilo que se é, pra ter sua própria mão.

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Julia S.

Comunicadora (nome chique pra Faladeira). Sou formada em jornalismo e aqui falo sobre escrita, leitura, marketing e outras descobertas aleatórias 🔎